Como conquistar a atenção da audiência? Como conectar marcas com os valores dos consumidores? Muitas companhias ao tentar responder essa questão já entenderam que os antigos anúncios de apelo extremamente publicitário não são mais suficientes para conquistar novas audiências. Por outro lado, viram que contar histórias, tornando-se exemplos de storytelling, se transformou em uma ótima forma de criar um forte vínculo com o público.
Com a grande quantidade de informações na internet, uma pesquisa mostra que 79% das pessoas apenas escaneiam páginas na internet. Assim tornando ineficiente o desespero de mostrar ofertas ao comprador.
Você já deve ter passado por essa situação: ao navegar em seus sites favoritos, deve ter percebido anúncios em seu dispositivo.
O problema é que somos bombardeados por informações e anúncios em nosso dia a dia – estima-se que por volta de 5000. Portanto as ofertas passaram a ser ignoradas de forma automática por nossos olhos.
Não há escapatória, agora são os consumidores quem detém o controle do que desejam consumir, compartilhar e do que deixam de lado.
Como lidar com a situação? Da mesma forma que grandes obras como livros e filmes mexem com o nosso emocional, você deve fazer o mesmo para as suas campanhas.
Como contar histórias pode resolver essa questão?
Quando uma boa história é contada, ela passa uma mensagem, gera emoções, cria uma forte conexão pessoal. Ela tende a gerar uma fonte de inspiração para o seu público entrar em ação.
A partir deste caminho inicia-se uma jornada de mudanças e transformações. Para isso, a história deve ser autêntica, criativa e instigar as pessoas. Como apontamos, as marcas viram que as antigas ofertas perderam o seu efeito.
Por conta disso passaram a criar narrativas sobre personagens interessantes e estão em busca de algo. Isso é o storytelling.
Entenda o que é storytelling
De forma prática, storytelling é a maneira encontrada pelas empresas de colocar o interlocutor no lugar da pessoa que está vivendo a história.
É muito comum detectarmos alguns padrões na utilização desta técnica. Um exemplo muito comum é A Jornada do Herói (ou monomito), teoria desenvolvida pelo antropólogo Joseph Campbell e muito presente em conteúdo de entretenimento.
Nela são narrados os desafios dos personagens, como lidam com eles. Nesse ponto, a audiência se identifica com a situação e passa a prestar atenção aos detalhes. Vêem sentido no que é relatado, pois já presenciaram ou passaram por algo parecido. Por isso criam uma conexão à espera de uma resposta junto com o protagonista.
Em seguida, a história progride e o personagem encontra uma solução e, assim, compartilha a superação com o público, que tende a vibrar com a conquista. Assim, a prática se tornou uma forma eficiente para dar uma voz humanizada para marcas.
A ideia da campanha nem sempre é mostrar o produto em si, mas sim inspirar uma atitude ou ideia a ser seguida. O produto pode ser parte da narrativa, mas a narrativa nunca é sobre ele.
Apesar de ser contra intuitivo não mostrar o produto, a estratégia tem como principal objetivo posicionar a marca no mercado e, principalmente, gerar uma experiência positiva para o consumidor. Assim, no momento em que as pessoas se identificarem com o que foi relatado, automaticamente terão uma percepção positiva da marca e maior tendência a consumi-la.
Quer se inspirar? Veja abaixo alguns exemplos de storytelling criados por grandes empresas.
Exemplos de storytelling
A prática tem se tornado cada vez mais utilizada pelas empresas ao redor do mundo – especialmente por aquelas com visão arrojada de marketing e produto. Afinal, independente da sua cultura, as narrativas sempre foram as melhores formas de se transmitir informações.
Os cases abaixo são campanhas que admiramos e consideramos exemplos de storytelling de excelente performance.
Always – Tipo Menina (2015)
A empresa Always utilizou o storytelling para lançar a sua campanha #LikeAGirl (#TipoMenina no Brasil). A estratégia utilizada pela Procter & Gamble serve de inspiração para que a nova geração de garotas não passem por um grave problema mundial. Com a ideia de ressignificar o termo “como uma menina”, a campanha tem como objetivo apoiar as garotas que estão na puberdade a saber lidar com a situação.
A campanha mostra a realidade de duas gerações distintas de garotas: aquelas que já passaram pela fase da puberdade e aquelas que não chegaram ainda.
Enquanto as moças mais velhas demonstram diferentes situações “agindo como menina” de forma distorcida e estereotipada pela sociedade, as meninas agem de forma natural. Como deveria ser antes de serem rotuladas a ponto de diminuir sua auto-confiança.
https://www.youtube.com/watch?v=mOdALoB7Q-0
Por meio de ações verdadeiras que ainda ocorrem em todo o mundo, a empresa demonstra que o fato de ser uma garota não deve ser entendido como fraqueza, mas sim motivo de orgulho e sinônimo de força.
Ao demonstrar a atitude de garotas que passaram por essa fase, a companhia se coloca à disposição para inspirar e prestar suporte para a nova geração e assim, criar uma nova realidade do que é ser mulher.
Dermodex – Álbum Nunca Fotografado (2018)
A campanha criada pela Dermodex encontrou uma forma emocionante de mostrar os problemas encontrados em centro de acolhimento, onde há uma rejeição na adoção de crianças com mais de 7 anos.
Pensando nisso, a empresa fez uma pesquisa de personagens: pais, que não se importaram com a idade das crianças.
Por meio de uma surpresa a marca presenteou os casais com uma grande surpresa. A bela homenagem foi preparada depois de uma entrevista feita com os casais, que contavam como seriam as suas vidas caso estivessem juntos desde os seus primeiros passos.
Com uma história envolvente, emocionante e criativa, a Dermodex criou álbuns de fotografias fictícias, onde as fotos imaginárias foram recriadas por artistas, mostrando diferentes fases da vida caso a criança estivesse ao lado do casal desde o seu nascimento.
Ao relatar os seus respectivos sonhos e dificuldades encontradas, fez com que as histórias se conectassem com a audiência – afinal todas as pessoas imaginam sobre situações que gostariam de ter vivido (e não viveram).
Google – Reunion (2013)
A narrativa criada pelo Google em Reunion é um ótimo exemplo de como encantar o seu público por meio da história. Nela, um senhor conta para sua neta sobre um amigo de infância.
Porém, com a separação da Índia e Paquistão os dois garotos deixaram de se encontrar.
Emocionada com a história, a moça usa os recursos do próprio Google para encontrar uma forma de reunir os dois amigos.
Um dos recursos do storytelling é justamente criar uma jornada. Nesse caso, a neta protagonista movida pela emoção do avô, aceita o desafio de marcar uma reunião com o seu antigo amigo depois de muitos anos afastados.
Como em toda boa história, nós, como espectadores, torcemos por um desfecho feliz, tendo assim nossa atenção conquistada e ansiando o encontro emocionante entre os amigos.
Airbnb – Stories (2018)
Não há nada mais autêntico do que mostrar as nossas próprias histórias, não é mesmo? Aliás, esse é outra característica presente em um projeto de storytelling.
A campanha Stories promovida pelo Airbnb mostra diferentes histórias de usuários reais que tiveram alguma mudança na vida depois de utilizar o aplicativo. Apesar da proposta simples, a ideia é focar justamente em seu objetivo: a transformação das pessoas.
Nela, a empresa documenta tanto o lado dos usuários proprietário das residências, tanto dos viajantes ao redor do mundo. Por meio de pequenos documentários, os espectadores podem se conectar rapidamente com as experiências vividas pelos usuários, que enfatizam como serviços prestados pela Airbnb mudaram as suas vidas.
Como dissemos, por ser uma história autêntica de pessoas como nós, a companhia consegue de forma efetiva se conectar com o seu público.
Dove Men Care – Mission: Care (2013)
Sabendo da dificuldade de vender produtos de beleza para homens, a Unilever utilizou a abordagem de storytelling para lançar a sua campanha “Mission Care”.
A campanha enfatiza a ideia de que já é difícil ficarmos longe de nossas famílias: por uma hora, dias e semanas. Imagina por 7 meses?
Para celebrar o dia dos pais, a empresa reuniu 300 personagens, que estavam longe de casa prestando serviços militares, com as suas respectivas famílias.
Como resultado, vemos a história de John, que devido à missão prestada, costuma passar boa parte do tempo longe de sua esposa e filhos, quando não teve a oportunidade de acompanhar o nascimento do seu filho mais novo.
O relato e o reencontro emocionante mostra o aconchego da família e o quanto faz bem estarmos ao lado dela. No fundo, a campanha fala de saudades, um sentimento universal e muito presente na vida de muitos de nós.
Guinness – Wheelchair Basketball (2013)
A narrativa contada no comercial da cerveja Guinness utiliza a reviravolta (o famoso plot twist) para surpreender o seu público. No início, acreditamos ser apenas mais uma partida acirrada de basquete entre amigos cadeirantes.
Entre diferentes ângulos de câmera e com uma música envolvente, o comercial nos impressiona quando quase todos, com a exceção de um, se levantam de suas respectivas cadeiras e encerraram a partida com uma importante mensagem: “as escolhas que fazemos revelam nosso real caráter”.
Aqui vemos um belo exemplo de lealdade e indivisibilidade, onde a pessoa em cadeira de rodas participa de forma equivalente em um jogo disputado de basquete com os seus amigos.
A campanha revela a questão da cumplicidade, criando uma ótima história para se conectar com o seu público – afinal todos nós temos amigos pelos quais faríamos tudo.
Copag – Diversão sem Limites (2015)
Uma das histórias que nos orgulhamos de contar é a do Lucas Radaelli. Ele é uma figura querida no ambiente digital, extremamente ativo no Twitter e com um carisma impressionante. Em 2015 a Copag tinha o desafio de divulgar um de seus lançamentos: o baralho braille, focado em pessoas com deficiência visual ou baixa visão.
No filme, Lucas conta sua história como amante de games e jogos desde muito cedo. A ausência de visão nunca o impediu de se divertir.
Numa feliz sinergia com o posicionamento da Copag (que foi utilizado até 2017), esse conteúdo trouxe uma percepção de marca inédita usando a seguinte fórmula: o carisma de Lucas, uma história verdadeira e interessante, além de um produto inovador.
As filmagens aconteceram em Belo Horizonte, onde Lucas mora e trabalha como programador.
Como vimos no artigo, as empresas já entenderam o storytelling como uma ótima ferramenta de contar o seu propósito, seus valores intrínsecos, demonstrar emoções e conquistar clientes por meio de histórias envolventes.
As narrativas vão muito além de oferecer um produto. Elas lutam por uma ideia, causa, oportunidade, chamam a atenção para questões sociais relevantes, envolvem e se tornam uma verdadeira forma de expressão.
Os consumidores já buscam por histórias que possam representá-los. Além disso, elas servem também como forma de inspirar as pessoas. Ao mostrar casos reais, de alguém que passou por dificuldades, o público tende a criar uma conexão, torcer pelo sucesso e vibrar junto com as suas realizações.
Não existe receita para storytelling
Mas existem algumas dicas que podem ajudar você a acertar.
- Trabalhe com emoções e sentimentos universais
- Seja genuíno e não tente colar a marca em algo que não seja coerente
- Observe a reação do público em campanhas adjacentes e concorrentes
- Olhe os vídeos que seu concorrente utiliza em social media
- Estude bem o DNA da sua marca para descobrir quais personagens estão dentro de seu território
- Busque personagens em lugares incomuns: há histórias maravilhosas que precisam ser contadas e muitas vezes elas estão bem perto de nós
Nós da Mokotó contamos com uma equipe especializada de roteiristas, produtores e videomakers para descobrir e criar histórias impactantes como as citadas acima.
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